Quem me conhece, sabe que a minha vida sem crianças não fazia sentido.
Quem me conhece, sabe que sempre tive um jeito especial. Muita paciência, muita brincadeira, muitos sorrisos e principalmente, muita cumplicidade. Acontece quase sempre uma espécie de empatia mútua, que não dá para perceber. Lembro-me que a primeira vez que agarrei num bebé ao colo, sem me aperceber, fi-lo com uma confiança inata. Como se fizesse parte de mim.
Acho que esta ligação foi alimentando inconscientemente o meu desejo de ser mãe e faz-me acreditar que nasci para isso (sim é verdade, gosto de pensar que vou ser a melhor mãe do mundo), mas falar sobre estas duas miúdas, não é fácil. Tenho-lhes um amor difícil de explicar, não são da minha família, não estou com elas todos os dias, nem todas as semanas e muitas vezes, nem todos os meses, mas sempre que penso nelas o meu coração derrete-se. Eu sei que sou suspeita, mas é que elas são mesmo especiais!
Estou a imaginar a carinha delas a rir enquanto escrevo e já estou a sorrir também. A vozinha doce da Luísa com o seu jeito de "princesa apaixonada", muito delicada, muito intuitiva, muito emocional, repara em cada pormenor, tão menina (devo confessar que tenho uma ligação muito forte com ela, talvez por achar que somos muito parecidas e porque parece que ela me sabe "ler" como se fosse crescida)... E por outro lado, o jeito "levo tudo à frente e ainda me vou rir a seguir" da Rosa, mas que ao mesmo tempo dá beijinhos e faz festinhas, ainda com voz de bebé que não pronuncia bem as palavras, que quando se ri fecha os olhinhos, que vai ser uma maria rapaz e vai dar chapadas aos meninos que a chatearem (imagino-a a proteger a irmã mais velha).
Quando vou lá a casa o momento em que chego é sempre diferente, acho mesmo que durante alguns minutos volto a ser criança, tal é o meu entusiasmo. O certo é que me esperam sempre com a mesma alegria e com o mesmo sorriso (e elas não têm noção o quanto me fazem sentir querida). Há dias em que se escondem e consigo ouvir os seus risos excitados atrás do sofá ou dos cortinados, e eu pergunto à mãe "Tu não me digas que elas se foram embora? Eu vim para jantar com elas!" e elas saltam de repente a rir, todas contentes porque (pensam que) me enganaram. Outras vezes vêm a correr para as minhas pernas aos pulinhos, abraçam-me e é sempre tão bom!
Por estar com elas deixo-lhes o melhor de mim e trago guardado (cuidadosamente embrulhado em algodão) o amor incondicional que elas me dão.
Ficava aqui indefinidamente a escrever sobre a Luisinha e sobre a Rosinha mas de tudo o que podia dizer, aquilo que as torna mesmo especiais é sentir que são felizes, mesmo quando não querem comer os legumes, mesmo quando não querem ir para a cama, mesmo quando caem e arranham os joelhos, ou quando implicam uma com a outra, eu tenho a certeza que elas são mesmo felizes!